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domingo, 5 de junho de 2011

Viela


- Lá vem!
- Vem quem?
- Aqui.
- Aonde?
- Tão doce...
- Do que dizes?
- A flor mais encantada do jardim vem descendo da ladeira, com os ombros retos e o cabelo ao vento.
- Não vejo nada!
- A moça, aquela moça. Tens a pela branca e morena do sol, de vestido preto ilumina o céu. Que formosura és, ó minha amada.

Aquela na verdade era a conversa mais curta de um desabafo amoroso, o homem que olhava todo enfeitiçado e o amigo que nada vida. Mas ela existia.
Uma moça que ao andar não andava, dançava sobre a calçada. Balançava o corpo em sintonia com o ar e os pássaros vinham lhe admirar fazendo um canto como em trompetes para anúncio da realeza.
Era esbelta, jovem, bonita e admirável. Muitos talvez não a vissem, porém apenas o olhar apaixonado poderia notá-la.
Toda delicada, trazia uma rosa atrás da orelha. Seu charme exalava e provoca tonturas ao homem apaixonado.
Coitado. Amava sem ser amado, um amor para lá de platônico. Seu coração já estava entregue aquela jovem, aquela mulher a quem lhe desertava os mais intensos sonhos e desejos.
Aquela mulher não era invisível. Ele a notava como se estivesse lapidando uma jóia.
Assim, os fatos se seguiram. Hoje apenas um homem em sua cadeira de balanço relembrando junta de sua bengala o quanto amou alguém que nunca o notou.
Hoje este homem é apenas mais um homem, mas que com seus dias contados nunca esquecera de seu real e grande amor.

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